quinta-feira, 26 de maio de 2011

Em 1939, empresários caxienses recusavam igualdade de salário entre homens e mulheres

Em 1939, novas leis sugeriam a fixação de um salário mínimo para os trabalhadores da indústria, como também a equiparação do salário entre homens e mulheres. Diante da polêmica, O Jornal A Época, em duas edições, fez uma enquete com os industrialitas da cidade para que estes expusessem suas opiniões. O blog do História Caxias selecionou duas opiniões expressas na reportagem, sobretudo o que concerne à recusa dos empresários em tornar igual o salário minímo de homens e mulheres.




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Texto dos documentos acima, transcritos pelo História Caxias:

Salário Mínimo!

13-08-1939 / Jornal A Época
[...]

Rumamos para a Adega Santa Teresa, da firma Luiz Michielon e Cia, onde fomos atendidos pelo snr. Nelson Michielon, sócio do importante estabelecimento vinícola. À nossa pergunta, o snr. Nelson logo respondeu:

“Nós achamos que o salário mínimo do nosso Estado está em flagrante disparidade com o dos outros Estados, pondo-nos, isso, em situação de inferioridade perante os mesmo, para enfrentarmos a concorrência nos mercados de consumo, não se considerando, ainda, a questão dos fretes já existentes.”

Snr. Michielon, que nos diz da igualdade de salário mínimo para homens e mulheres?

“Para nós, por exemplo, se for fixado, para mulheres, o mínimo de 200$ mensais, ver-nos-emos obrigados a substituir o seu trabalho por máquinas. Acrescento-lhe que já estamos falando a esse respeito, que já na base atual de salários que pagamos às mulheres, seria mais vantajoso o emprego dos serviços mecanizados, que seria até mais perfeito, justamente para facilitar o trabalho à famílias que dele necessitam, e mesmo também para evitarmos um aumento de capital empatado. [...]

“Enfim, amigo, o ponto nevrálgico da questão do salário mínimo são as mulheres!!!



20-08-1939 / Jornal A Época

O Dr. José Eberle da firma Abramo Eberle & Cia., proprietária da maior fábrica metalúrgica do nosso país, assim falou à nossa reportagem:

“No que diz respeito aos homens, em muito pouco nos afetará o salário mínimo porque só virá a atingir em nossa fábrica um limitado número de aprendizes. Afora estes poucos, todos os nossos operários percebem salário superior ao estipulado como “vital” pela Comissão do Salário Mínimo do R. G. do Sul.

Mas, em relação às mulheres o problema já é outro. Antes de tudo, as próprias condições econômicas das mulheres têm aspecto bem diverso que às dos homens. Isto é cousa pacífica, que dispensa demonstrações. Além disto, não é menos exato que a eficiência do trabalho da mulher fica aquém da do homem, ressalvados alguns casos de especializações em determinados serviços.

Dentro duma fábrica, pode o homem ser aproveitado para os mais diversos trabalhos exigidos pelas circunstâncias, ao passo que a atividade da mulher tem que se circunscrever a apenas certos serviços compatíveis com o seu físico e condições peculiares ao seu sexo. Não me parece justo, portanto, que se equipare ao dos homens o salário das mulheres diante da realidade das razões supra expostas. 

Ocorre-me citar, a propósito, que quando fiz um estágio de prática numa fábrica da Alemanha, tive a oportunidade de constatar que o salário das mulheres era 60% daquele dos homens, isto de modo geral e com poucas variações nas indústrias daquele paiz.

Porém, muito embora assim pense, si de fato for fixado o mínimo e a igualdade de ordenados, a nossa firma não relutará na equiparação dos vencimentos das mulheres, porque, antes de mais nada, temos respeito e acatamento a tudo o que é instituído como lei. Dos nossos operários, cerca de 25% são mulheres.”


 [Fim do documento, os grifos são do História Caxias]



Informações complementares:
Júlio João Eberle (ou "Beppin", como era conhecido), era filho de Abramo Eberle e participou, primeiro como empregado e depois administrador, da metalúrgica familiar desde 1918 até 1953, ano em que faleceu. Em 1920, foi para a Europa com os pais e ficou estudando na Alemanha de 1922 até 1926. Neste país, estagiou em uma fábrica de talheres, na cidade de Düsseldorf.


Informações de pesquisa:
Publicação: A Época
Data publicação: 13 ago. 1939 / 20 ago. 1939
Acervo:  Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami (AHMJSA) - Hemeroteca
Consulta: Centro de Memória da Câmara Municipal de Vereadores de Caxias do Sul (AHCM) (http://www.camaracaxias.rs.gov.br)
Metadados: JPEG; 1,3mb; 96dpi / JPEG, 1,4mb; 96dpi


domingo, 22 de maio de 2011

Isto é Bento Gonçalves


Como todos já devem saber, Bento Gonçalves, a cidade do futuro, tem diversas atrações turísticas para seus visitantes e, dentre elas, podemos destacar os dois arcos que se erguem na entrada da cidade, ou seja: ARCO DIO e ARCO MADONA!

Mundialmente conhecida por suas tradicionais cantinas, a cidade tem para oferecer seus saborosos vinhos, principalmente o VINHO VINDO e o  VINHO INDO, além do novo SUCO LERECHE.

Para os jovens que gostam de se divertir, Bento Gonçalves conta com diversas boates, onde o SOM ESTUFO e o SOM ESTRACO, é de primeira ordem. Para os apreciadores de esqui, há uma pista moderna denominada ESQUI FOSO, sendo esta um orgulho para a cidade.

Mas Bento não fica só nisto. Com seus engenheiros, fundaram fábricas de aço, já que Bento é rica em AÇO QUE SIM e AÇO QUE NON, e futuramente será instalada mais uma fábrica, pois seus engenheiros acreditam que exista o AÇO QUE SEGA, e em abundância.

Com isto, Bento Gonçalves faz por merecer que seja chamada “A Cidade do Futuro”, já que existe também uma fábrica de azeite, o AZEITE QUE EU SUTO.

Na pecuária, Bento Gonçalves se destaca pela produção de suínos, das famosas raças PORCO CAN e PORCA MISÉRIA, tendo também o PORCO ZIO, com satisfatória aceitação no mercado consumidor.

Com o cruzamento dessas raças, surgiu uma nova,  a PORCA MASTELA e a PORCA PUTANA, também com muita aceitação na cidade do futuro.

No setor de comunicações, destaca-se muito bem uma nova emissora recentemente inaugurada, a TV-DARÉ.

No setor das indústrias, o destaque é para a nova fórmula de cola, conhecida como COLE BRAGUE

Mas além de tudo isso, Bento Gonçalves, no setor comercial, merece sinceras congratulações pela abertura da filial da sorveteria Urca, conhecida como URCA MADONA, e da joalheria Scarpini, que leva o nome de Joalheria SCARPON.

Toda a evolução deste magnífico município gaúcho deve-se à nova direção da Prefeitura, cujo secretário estava recentemente em Caxias do Sul para a aquisição de um MINI TRATOR AGRALE, o qual destina-se a LAVRAR as atas do ilustre senhor prefeito.


VISITE BENTO GONÇALVES E SEZE FELIZ!

 ...

Afinal, quem nasce em Bento, é BEM TANSO.



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sábado, 7 de maio de 2011

[Fotografias] Parque Getúlio Vargas ("Macaquinhos")

O Parque Getúlio Vargas recebeu esta denominação em 1954. Localiza-se no bairro Exposição, próximo ao centro da cidade de Caxias do Sul. É conhecido também como "Parque dos Macaquinhos". Atualmente, conta com uma área de 92 mil m² ou 9,8ha.

 [Inédita!] Vista aérea do Parque Getúlio Vargas, localizado no bairro Exposição. Destacamos a antiga escadaria com mirante, e o antigo lago. Data atribuída: [1954]. Autoria: Studio Geremia.
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 Vista do antigo mirante do Parque Getúlio Vargas. Destacamos o prédio ao fundo, construído para sediar a Feira Industrial durante as Festas da Uva (hoje Centro Administrativo/Prefeitura Municipal). Nota-se uma roda-gigante instalada em frente ao prédio. Data atribuída: [1954]. Autoria: Studio Geremia.
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Rua Alfredo Chaves. O prédio é o atual Centro Administrativo/Prefeitura Municipal. À época, sediava a Feira Industrial durante as Festas da Uva. Data atribuída: [1954]. Autoria: Studio Geremia.
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"Se eu pudesse contar a história em palavras, não precisaria carregar uma câmera."
(Lewis Hine, fotógrafo norte-americano)



Os documentos reproduzidos neste ‘blog’ são entendidos como “fonte histórica” e a finalidade de sua reprodução é a divulgação do patrimônio histórico e cultural de Caxias do Sul e região geográfica. Tem-se o conhecimento e respeito à lei 9.610/98 (Lei do Direito Autoral). Autores que se sentirem lesados, por gentileza e sensatez, comuniquem-se direta e primeiramente com o ‘blog’.



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